sábado, abril 16, 2005





Lanço-me para o abismo qual voo nupcial do cisne apaixonado. A pulsação acelera descontrolada... O primeiro amante, o primeiro ser para quem nos despojamos de nós proprios, dele me recordo agora de como se do meu abismo se tratasse.

Cai uma lágrima de sangue do meu peito e acordo com o estrondo quando embate no chão frio e cruel da realidade. Cai de novo uma lágrima, desta vez da minha face, que me embala no meu sonho real...

Adormeço para de novo ser eu, de novo ser inteira, vivo no teu fogo, no teu incêndio interno de quem não tem medo de estar vivo. Mas não o estás! Os teus sonhos continuam afogados em lágrimas e no sangue de te sentires só, de te sentires perdido de ti próprio, do mundo.

Durmo... não sonho, descanso apenas o meu corpo dorido e abandonado. Só as lágrimas, que quentes me descem a face com a calma de quem sabe que está só, me fazem sentir eu, me fazem sentir indivisa de mim mesma.

Anseio, mais que tudo, por algo, por alguém, que me veja não como fantasma afogada em mim mas sim como um coração que bate, uma cabeça que pensa e um corpo que sofre.

De repente sem aviso, do meu ventre sai um grito, sai um desabafo cruel de quem nunca sequer foi gerado mas tem fome de viver, de ter um coração pulsante, uma face que possa escorrer as lágrimas do sentir.

Rasgo-me em mil páginas, em mil escritos vãos que nunca ninguém lerá, rasgo-me em todo o esplendor da minha carne, arranco o meu coração dormente como sacrifício aos deuses que nada de nós querem saber. Rasgo-me, rasgo-me em tudo que ainda em mim não destruiram, rasgo-me no tempo, nas memórias que flutuam, nos desejos que nunca o foram.

Rasgo-me porque posso, porque não tenho já existência palpável, não tenho já coração para amar, não me tenho a mim para me habitar.

Ninguém ouve quando o grito me sai do ventre, da garganta, do corpo inteiro, da alma... não está ninguém. São vivos mas não o estão, relegando o amor, a paixão do sentir para o fundo deles mesmos. Houve um dia em que quase me arrastaram, não tivesse eu avisada da ausência de sentir deles e teriam conseguido, com as suas falinhas mansas, projectos de encontrarem O que os despertará do sono, da ausência de ser em que vivem. Não faço projectos, desisti de os fazer quando de mim te sumiste, sem te despedir, sem um gesto, uma carícia que me deixasse uma centelha da tua aura faiscante que anda a par com o meu corpo, personificado em meu coração, no ondular eterno das ondas, no sopro divino do vento num dia de chuva.

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1 Comments:

Blogger Criador_Sonhos said...

Boas tardes...

Linda miga... vejo q ja te meti bem lançada nisto... fico feliz... Belo blog e textos... Catarina, ola, ainda bem q por acaso encontraste este belo blog desta minha excelente amiga, como tb por acaso encontraste o meu...

jokinhas para as duas

quinta-feira, junho 30, 2005 7:22:00 da tarde  

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