Os anos passam... embebedo-me nos meus sonhos, como que afogada em alcoól poético. É fácil, sabes..., escondermo-nos por detrás da ébria saudade do tempo em que não existiamos... o meu coração bate a mil à hora mas tu não o sentes, a paixão transborda-me as veias mas achas-me morta, calcinada sobre o fogo das tuas mãos, das tuas palavras vãs de combustão fácil, olhos flamejantes de quem perdeu o doce da vida que é o estar vivo.
Deixa-me ir embora... tenho escrito no sangue que este não é o meu sítio, que estou longe, muito longe, daquilo que realmente sou.
Talvez um dia, um dia destes, a minha alma se encha de mil cores, tome asas e voe,... voe alto, muito alto,... para te ver aqui sentada, soluçando o meu voo por não me quereres deixar partir, por não quereres que a criança que fui (cujo corpo deposita ainda em mim) fique grande... muito grande... e que a percas para sempre. Mas ela fugiu, não com asas mas com palavras, fugiu no sopro do vento quando a pensavas segura, envolta nas masmorras dos teus braços.
Ela não volta... mas tu não choras, não choras porque olhas o seu corpo putrefacto e pensas que está ali, de braços abertos como nunca esteve, para te receber com um olá carinhoso, lagriminha no olho, força viva pulsante mas debaixo do teu domínio.
Etiquetas: *

0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home