terça-feira, setembro 16, 2003

"Saudades"


Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensava vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer? Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem me dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!


Florbela Espanca