sábado, julho 12, 2003


Para um amigo tenho sempre um relógio esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sal.


António Ramos Rosa

in Viagem através duma Nebulosa (1960)