sábado, agosto 08, 2009

E mesmo quando a vida te dá um chuto no rabo, ao menos está-te a empurrar para a frente =)
Vida nova, mundo novo para descobrir... Será que finalmente encontrarei alguém à minha altura? um novo parceiro de descobertas, de aventuras e fantasias, alguém que seja capaz de levantar voo para fora desta vida miserável feita de olhares frios...

Alguém para descobrir de novo o calor do sol e o toque suave da pele.

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sexta-feira, agosto 07, 2009


Na primeira noite
Eles aproximam-se
E colhem uma Flor
Do nosso jardim
E não dizemos nada.

Na segunda noite,
Já não se escondem:
Pisam as flores
Matam o nosso cão,
E não dizemos nada.

Até que um dia
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a lua e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta
E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.


Vladimir Maiakovski

quarta-feira, agosto 05, 2009


A palavra é uma estátua submersa, um leopardo
que estremece em escuros bosques, uma anémona
sobre uma cabeleira. Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada. Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos, os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.


António Ramos Rosa

in Acordes (1989)

segunda-feira, agosto 03, 2009


Cansada dos demónios internos que me corroem e destroçam por dentro,cansada do corpo que puxa para um lado, a cabeça que puxa para outro e do espírito perdido nas brumas de outros dias.
Parar de pensar, apenas por um segundo, reencontrar quem sou dentro de mim mesma para poder finalmente seguir em frente sem medos, labirinto adentro... com a esperança de um dia encontrar a saída, com esperança de que um dia os demónios façam parte apenas da minha sombra, apenas parte estanque em mim.
Queria dizer-te o que sinto, contar-te as histórias de quem sou... pôr-te a mão no meu peito e mostrar-te o que realmente tenho de bom mas, como sempre, a coragem falta, os gestos e as defesas sobram. Luto contra mim, achando que não posso ser o que sou, quem sou e todos os dias perco a luta, contra os meus demónios, contra mim mesma e nunca saio do mesmo lugar.

Calo pensando que grito, fujo pensando que fico...

A chuva volta a cair, pesada da minha culpa, no meu corpo, a culpa que não é minha mas sim da vida que me roubou quem amei, deixando-me o coração destroçado. Farta de chorar pelas coisas que não fui, umas porque perdi a oportunidade, outras porque não era esse o meu caminho... Farta de tratar mal quem me faz bem, tentando não deixar entrar para não poderem fugir de novo com o meu coração.

A folha branca pede atenção, pede sangue feito tinta, para poder contar um dia aquilo que fomos juntas, papel e carne, fechadas em um qualquer mundo perdido do mundo e da vida.
E é dos espinhos da vida que sai esse sangue e essas lágrimas de sal, e é dos espinhos da vida que sai essa vontade macábra de acabar com tudo, adormecer para não mais acordar num sono profundo sem esperanças nem sonhos que me mantenham cativa, presa naquilo que não sou nem posso ser.
Serei eu um dia capaz de dizer que amo sem que as palavras tenham de ser ouvidas? serei eu um dia capaz de ser e estar sem ter medo de mim e daquilo que sou capaz? tudo é difícil de dizer e fazer quando não se tem a coragem para assumir que se é humano, com limitações e fraquezas, emoções e desvarios e tudo aquilo que nos faz perecíveis e dispensáveis para o continuar do tempo, compassado e ritmado sem que tenhamos controlo sobre ele.




domingo, agosto 02, 2009

Dizer Que Não



Diz-lhe que não
Diz-lhe que tudo acabou
Que é sempre mais feliz
Aquele que mais amou

Chega de juras de amor
Promessas de amor eterno
Para algum tempo depois
Voltarmos ao mesmo inferno

Por vezes é mesmo assim
Não há outra solução
Dói muito dizer que sim
Dói menos dizer que não

Ye Ye
AAAIE

Diz-lhe que não
Diz-lhe que tudo acabou
Que é sempre mais feliz
Aquele que mais amou

Diz-lhe que chega de ouvir as frases habituais
Chamou-me a maior paixão da vida
Coisas banais
Maior ou não, pouco importa
Ser a única isso sim

Diz-lhe que não me enganou
Enganou-se ele por mim

Ye Ye
AAAIE

Diz-lhe que não
Está na hora de acabar
Mas por favor não lhe digas
Que ainda me viste chorar

Ye Ye
AAAIE


Lúcia Moniz