Cansada dos demónios internos que me corroem e destroçam por dentro,cansada do corpo que puxa para um lado, a cabeça que puxa para outro e do espírito perdido nas brumas de outros dias.
Parar de pensar, apenas por um segundo, reencontrar quem sou dentro de mim mesma para poder finalmente seguir em frente sem medos, labirinto adentro... com a esperança de um dia encontrar a saída, com esperança de que um dia os demónios façam parte apenas da minha sombra, apenas parte estanque em mim.
Queria dizer-te o que sinto, contar-te as histórias de quem sou... pôr-te a mão no meu peito e mostrar-te o que realmente tenho de bom mas, como sempre, a coragem falta, os gestos e as defesas sobram. Luto contra mim, achando que não posso ser o que sou, quem sou e todos os dias perco a luta, contra os meus demónios, contra mim mesma e nunca saio do mesmo lugar.
Calo pensando que grito, fujo pensando que fico...
A chuva volta a cair, pesada da minha culpa, no meu corpo, a culpa que não é minha mas sim da vida que me roubou quem amei, deixando-me o coração destroçado. Farta de chorar pelas coisas que não fui, umas porque perdi a oportunidade, outras porque não era esse o meu caminho... Farta de tratar mal quem me faz bem, tentando não deixar entrar para não poderem fugir de novo com o meu coração.
A folha branca pede atenção, pede sangue feito tinta, para poder contar um dia aquilo que fomos juntas, papel e carne, fechadas em um qualquer mundo perdido do mundo e da vida.
E é dos espinhos da vida que sai esse sangue e essas lágrimas de sal, e é dos espinhos da vida que sai essa vontade macábra de acabar com tudo, adormecer para não mais acordar num sono profundo sem esperanças nem sonhos que me mantenham cativa, presa naquilo que não sou nem posso ser.
Serei eu um dia capaz de dizer que amo sem que as palavras tenham de ser ouvidas? serei eu um dia capaz de ser e estar sem ter medo de mim e daquilo que sou capaz? tudo é difícil de dizer e fazer quando não se tem a coragem para assumir que se é humano, com limitações e fraquezas, emoções e desvarios e tudo aquilo que nos faz perecíveis e dispensáveis para o continuar do tempo, compassado e ritmado sem que tenhamos controlo sobre ele.
Serei eu um dia capaz de dizer que amo sem que as palavras tenham de ser ouvidas? serei eu um dia capaz de ser e estar sem ter medo de mim e daquilo que sou capaz? tudo é difícil de dizer e fazer quando não se tem a coragem para assumir que se é humano, com limitações e fraquezas, emoções e desvarios e tudo aquilo que nos faz perecíveis e dispensáveis para o continuar do tempo, compassado e ritmado sem que tenhamos controlo sobre ele.

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