sexta-feira, junho 30, 2006


Sinto o teu cheiro e a minha pele arrepia, na expectativa de ser hoje que te tenho em mim, inteiro, sem reservas, sem passado nem futuro... apenas o mel do extase correndo livre de entre nós com um simples olhar, com um simples toque.
Vejo-te ao fim da rua num sonho difuso... sei que não és nem serás meu como o meu corpo e o meu todo gritam que deverias ser mas serás, por um instante, por um nanosegundo que seja, em mim o que nunca foste em mais ninguém.

terça-feira, junho 06, 2006


As palavras, os gestos, tudo me foge... Os gestos (meus antigos mentores) abandonam-me cegando-me. As palavras (minhas antigas amantes) desafiam-me e brincam comigo para de seguida me queimar deixando-me muda.
A folha branca, que diante de mim se prostra, acaricia-me como mil lâminas afiadas chamando-me, pedindo-me sangue, o meu sangue em forma de tinta.
Mas a mão não responde ao apelo, antes me apunhala para se divertir, se alimentar da minha dor, da minha angústia de não ser mais palavras nem tão pouco gestos...
Sei-me vazia como se nunca tivesse tido sequer centelha algum dia...
Escrevo em, repentes, como uma criança que bolsa palavras desconexas.