Palavras ao vento... vãs como as esperanças de outrora, de outros tempos que não são senão fumo na nossa memória. Como afastar-nos da vida, como parar de sentir...
Não sou mais eu, sou sombra de quem fui um dia, de quem poderia ser... minh'alma arde a fogo lento, combustão eterna do sangue morto.
Lágrimas... lágrimas também elas vãs porque o que sinto nunca chegou a sê-lo em mim como verdade. Perco-me em divagações como quem se perde no mar, como quem se perde na vida, no ser e no estar...
Não sou quem sou, não sou quem julgam ser, não sou o que sinto e por isso não sou, perdida em mim como sempre estive, perdida como quem nunca se encontrou.
Não sei já dizer, minha língua, meu ser, andam mortos no silêncio... da solidão, da noite não dormida, dos dias que correm sem nunca parar.
Que sou eu que já não sinto, que sou eu se em mim já não me encontro, se viva nunca estive. Já não me perco, simplesmente nunca fui minha, nunca senti o amor pulsar em minhas veias, em meu coração...
A minha morte, não a renego, anseio por ela para acabar com a miséria de não ser, de não estar, de não me achar. Estou morta? por dentro sim mas para meu mal não a achei ainda para o corpo, invólucro de quem não é, invólucro para quem já não sente. Desligar, desligar este corpo para o qual não tenho já préstimo algum, para o qual não há já solução, não há já esperança.
Esperança? não sei mais o que é, não sei mais para que serve, não a sei em mim como minha...
